FORÇAS ESPECIAIS


Boinas Verdes - Estados Unidos
As Forças Especiais do Exército dos EUA têm uma história curta mas agitada, que começou na Segunda Guerra Mundial, quando da criação de uma unidade combinada canadense/americana, a 1a. Força de Serviço Especial, incumbida de incursões e ataques relâmpagos. Formada por três regimentos, seus homens eram treinados em esqui, alpinismo, demolições, ataques anfíbios e pára-quedismo e atuaram no Pacífico, norte da África, na Itália e no sul da França, sendo desfeita com o fim da guerra. A idéia viria a ser retomada na década de 50: em 1952 ativou-se o 10° Grupo de Forças Especiais(GFE), em 53 criou-se o 77° GFE, a seguir veio o 1° GFE, em 1957, baseado em Okinawa, que no mesmo ano enviou uma pequena equipe para treinar soldados do Exército sul-vietnamita em Nha Trang. O 5° GFE, criado em 1961 e sediado em Forte Bragg, Carolina do Norte, foi logo transferido para o Vietnã, onde seria o responsável por todas as atividades que requeriam forças especiais, iniciando o envolvimento dos Estados Unidos em um conflito desgastante que só terminaria em 1975.
Autorizado pelo presidente Kennedy, fascinado por estas unidades, o uso da característica boina verde, tornou-se marca registrada dos GFE, cujos membros ficaram mundialmente conhecidos como os "Boinas Verdes". As Forças Especiais desempenharam muitas funções no Vietnã do Sul, mas muito pouco pode ser revelado, mas certamente tiveram um relacionamento maior com tropas sul-vietnamitas e com a população do que qualquer outra unidade americana durante o conflito. Porém eram vistos com desconfiança e suspeita pelos comandantes das tropas regulares de seu próprio país, o que por vezes interferia em suas operações. A partir dos anos 70, atuaram na Baviera, em bases na antiga Alemanha Ocidental e na Zona Central do Canal do Panamá, além de participarem ativamente do "aconselhamento" de exércitos da Ásia, África e América Latina.

Organizado em nove grupos de Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos, cada um baseia-se no Destacamento de Operações A, mais conhecido como "Equipe A", composto de doze elementos: um capitão (comandante), um tenente (oficial executivo) e dez sargentos especializados. Quatro Equipes A são comandadas por uma Equipe B, chefiada por um major. Uma equipe A é capaz de organizar, equipar e treinar uma força guerrilheira ou regular equivalente a um batalhão com nada menos de 650 homens. Todos os oficiais e soldados Boinas Verdes devem ser pára-quedistas qualificados, com muitos treinados como mergulhadores. Devem ser especializados em pelo menos duas das seguintes áreas: engenharia, inteligência, armas, comunicações, demolição e línguas estrangeiras.
O treinamento é realizado em campos especialmente construídos nas bases do Exército e nos mais diversos tipo de ambientes, desde desertos até montanhas cobertas de neve. Conhecem a fundo todas as armas leves do mundo, mas estão equipados com o confiável e eficaz fuzil M-16A2 ou o Colt Commando, mais curto, ambos de 5,56 mm, com disparo automático ou em rajadas de três tiros, além dos demais equipamentos de última geração, indispensáveis ao bom desempenho de uma tropa de elite. A identificação básica de seus membros é claro a clássica boina verde. A insígnia combina duas flechas cruzadas (distintivo dos batedores índios) com uma adaga semelhante à dos SAS ingleses. Em torno da adaga há um lema em latim: "De Oppresso Liber" (Livre da Opressão). Os uniformes são os mesmos do Exército americano, embora possam ser adicionados alguns itens específicos, conforme as operações.




102º Batalhão Recon - República Tcheca



Homens do 102º Batl.Recon . do  Exército tchecoA história da formação e ativação do 102º Batalhão de Reconhecimento teve início em 1994, quando o Destacamento de Reconhecimento a Longa Distância foi criado, com sede na cidade de Kromeriz. Posteriormente, esta unidade foi transferida para a base de Prostejov e devido à reorganização das Forças Armadas tchecas em outubro de 2000 foi integrada à 1ª Divisão Mecanizada, com a designação de 11º Batalhão de Reconhecimento. Ainda em consequência de subsequentes reformulações na estrutura das tropas daquele país, em 2003 foram dissolvidos o 2º, o 4º e o 7º Batalhões de Reconhecimento com sede nas cidades de Strasice, Bechyne e Kromeriz respectivamente, sendo em seguida ativado o 102º Batalhão de Reconhecimento tornando-se a única tropa paraquedista de reconhecimento das Forças Armadas tchecas. Esta unidade especial tem como missão conduzir ações de reconhecimento clássico, reconhecimento com a utilização de VANT (Veículos Aéreos Não Tripulados), assalto aeroterrestre, resgate e exfiltração, localização e eliminação de alvos valiosos, ações anti-terroristas, proteção de áreas vitais, e reconhecimento a longas distâncias. Também está preparada para executar ações em conjunto com outras tropas regulares em situações específicas e com planejamento prévio. Devido às suas características de unidade de elite não se tem poupado esforços para equipá-la com o que há de mais moderno em termos de armas e equipamentos, como veículos especiais de combate BpzV, radares, o VANT Sojka III, fuzis de assalto CZ 805 A1 e Colt M-4, submetralhadoras CZ Skorpion e H&K MP-5, fuzil sniper Dragunov, pistolas CZ G-2000 e Glock, lança foguete RPV-7, lança rojão Carl Gustav M3, equipamentos especiais de comunicação, entre outros, o que a coloca no mesmo nível das melhores do mundo.
Efetivos  do 102º Btl.Recon. tcheco em ação no Afeganistão.Seus membros são todos voluntários, que além de suas especialidades técnicas têm que obrigatoriamente ter o curso de paraquedismo. Curiosamente, o Exército tcheco não possui uma escola de paraquedismo, mas os jovens recrutas dispoem de uma área de formação básica aeroterrestre dentro da Academia Militar de Vyskov, onde participam de um curso de quatro semanas, após o qual realizam os saltos que permitirão que recebam seus prevês. Posteriormente, já no 102º Batalhão podem participar do curso de abertura manual operacional que é concluído após a realização do 30º salto. A insígnia da unidade tem a forma circular com fundo verde e contorno em vermelho. Ao centro, um paraquedas, asas e dois raios cruzados, onde os primeiros representam a sua capacidade de executar o reconhecimento aeroterrestre e os raios simbolizam seu caráter nobre. O punhal que sobrepõe o emblema denota sua capacidade de empreender o combate através de pequenas frações especiais, bem com a aptidão para o uso de meios não convencionais. Os uniformes regulamentares são os mesmos padronizados para as demais tropas da República Tcheca, porém a unidade dispõe de outros bastante específicos adaptados às missões e ao terreno onde deverão atuar, seja para infiltração com técnicas HALO/HAHO ou para operações no clima árido do Afeganistão no âmbito das missões de paz da ONU, por exemplo. São permitidos dois tipos de boinas: a grená, exclusiva para os militares habilitados no Curso de Paraquedismo e a verde, exclusiva para os militares oriundos das unidades regulares sem qualquer formação aeroterrestre.



11a. Divisão de Pára-Quedistas - França


Pára-quedistas franceses no LíbanoEntre as numerosas unidades de pára-quedistas do mundo, as francesas são consideradas as que mais fizeram saltos operacionais, em suas campanhas na Indochina (atual Vietnã), Suez (Egito), Líbano, Argélia, Chade e em outras ex-colônias da França. Sempre atuando como tropa de vanguarda, realizaram 156 saltos na Indochina (1954), sofrendo pesadas baixas. Sua atuação neste país culminou com a ocupação de um vale em Dien Bien Phu, na batalha que selou o destino da ocupação francesa, onde juntamente com os legionários suportaram a carga maior do combate.
A 11a.Divisão está baseada em Tarbes, embora suas unidades fiquem aquarteladas em diversos pontos. Integra a força de intervenção rápida, junto com a 9a. Div. de Infantaria Leve da Marinha, a 27a. Div.Alpina, a 6a.Div.de Blindados Leves e a 4a.Div.Aerotransportada. Está organizada em duas brigadas com sete unidades: 1a.RPIMa (paracomandos), 3a., 6a., 8a. RPIMa, a 1a. e a 9a. RCP (infantaria leve) e a 2a. REP (pára-quedistas da Legião Estrangeira). Todos os seus integrantes são voluntários e obedecem aos mesmos critérios de seleção e treinamento das demais forças de pára-quedistas, sendo exigidos elevados padrões de preparo físico e mental, pois devem estar aptos a atuar em qualquer parte do mundo e em qualquer tipo de terreno, defendendo os interesses da França ou de seus aliados.
Quando o Exército francês resolveu equipar suas tropas com o fuzil FAMAS de 5,56 mm, as unidades de pára-quedistas foram as primeiras a utilizá-lo. Projetado e fabricado pelo Arsenal Saint-Étienne, tem um pente com 25 projéteis, pesa apenas 4 kg, tem somente 76 centímetros de comprimento, o que o torna uma arma ideal para pára-quedistas, que necessitam de um fuzil curto, leve e eficiente. A metralhadora ainda é a robusta e confiável MAT, de 9 mm. Esta arma possui um dispositivo de segurança na empunhadura que está sempre acionado e só é liberado pela pressão da mão do atirador. Seu uniforme é o padrão do Exército e sua condição é identificada pela boina vermelha, sendo que os da Legião usam boinas verdes. Do lado direito do peito têm um emblema de prata em forma de asa.





Força Aerotransportada - Rússia
Na doutrina militar da Rússia, uma força de assalto aerotransportada (Vozdushnii Desant) abrange tropas levadas por via aérea até a retaguarda do inimigo. Este pode ser tático, operacional ou estratégico, com uso de pára-quedas, de aviões aterrissando ou os dois recursos. Os russos têm uma longa tradição no pára-quedismo, tendo lançado a primeira unidade do mundo em 1930. Desde então lideram o desenvolvimento desse gênero de operações militares, contando com a maior força mundial de pára-quedistas. Normalmente formada por oito divisões é considerada a elite do Exército russo.
Consideradas muito confiáveis, foram sempre as primeiras a atuar em missões no exterior, como na Tchecoslováquia (1968) e no Afeganistão (1979). Para ressaltar seu caráter de elite usam uniformes e insígnias diferentes, armas especiais e possuem um programa de treinamento extremamente rigoroso. Todas as divisões são classificadas na Categoria 1, isto é, mantêm constantemente a totalidade de seus contingentes e equipamentos e têm prioridade na escolha dos soldados recrutados. Cada divisão conta com um contingente de 7.000 homens e aproximadamente 1.500 veículos. O transporte dessa força é feito pela Aviação de Transporte Militar (VTA), que dispõe de grande número de aviões Ilyushin II-76 ("Candid"), Antonov An-12 ("Cub") e An-22 ("Cock").
A arma básica é o fuzil automático AKS-74, de 5,45 mm com coronha dobrável. Os franco-atiradores usam o fuzil semi-automático SVD Dragunov, de 7,62 mm, que com sua mira telescópica tem uma precisão de 1.000 metros. O veículo de combate BMD, especialmente desenvolvido para ser aerotransportado é menor, mais leve e tem a mesma capacidade de um BMP de infantaria. Tem uma tripulação de três soldados e leva seis pára-quedistas, conta uma torre com canhão de 73 mm, lançador ATGW Sagger e metralhadora coaxial PKT de 7,62 mm. Também é anfíbio, com propulsão a jato de água. Outro veículo muito utilizado é o ASU-85, armado com um canhão de 85 mm, que dispara quatro tiros por minuto, possui proteção NBC e vários equipamentos para operação noturna. O uniforme de combate é um macacão camuflado, mas no frio são usadas jaquetas pesadas e calças com revestimento.
A cor da boina é azul, diferentemente da maioria das unidades de pára-quedistas de outros países que preferem a cor vermelha, bem como azuis são os galões do ombro e as pontas dos colarinhos. Há um emblema especial na manga direita e a insígnia esmaltada dos componentes da "Guarda", mais o emblema de qualificação bordado nas golas e pintados nos veículos. O pára-quedas principal é o modelo D-1, que suporta uma velocidade de 190 nós ( 342 km/h) e uma altura mínima de 150 metros. As formações mais conhecidas são a 103a. Divisão Aerotransportada. que tomou o Aeroporto de Praga em 1968, e a 105 a. Divisão Aerotransportada de Guardas, que tomou o Aeroporto de Kabul em dezembro de 1979.


Infantaria de Montanha - Brasil


Presentes ao desfile de 7 de setembroÚnica unidade do Exército Brasileiro apta a desenvolver as técnicas e as táticas em terreno montanhoso, o 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, "Regimento Tiradentes", foi criada em 1888 na cidade de Rio Pardo(RS) como 28º BI, sendo transferida para São João Del Rei(MG) em 1897, onde permanece baseada até os dias atuais. Tendo participado da Campanha de Canudos, da Revolução de 32 e da Segunda Guerra Mundial, somente em 1977 a unidade foi transformada em tropa especializada em montanhismo militar. Subordinado à 4ª Brigada de Infantaria Motorizada e ao Comando de Operações Terrestres (COTER), o batalhão está organizado da seguinte forma: Comando, 1ª Cia de Fuzileiros, 2ª Cia de Fuzileiros, Base Administrativa, Cia de Comando e Apoio, e Seção de Instrução de Montanha. Seus membros são submetidos a um rigoroso e intenso programa de instrução especializada, depois de passar pelo treino clássico comum a todo soldado de infantaria, devendo possuir características especiais como elevados conhecimentos técnicos e táticos, robustez, disponibilidade total e perseverança.
Patrulha  em montanhaO combate em montanha, devido às peculiaridades do terreno, só admite ações de pequenos efetivos, que carregam consigo praticamente todo material que necessitarão para cumprir a missão, devendo portanto ser resistentes e determinados. Para melhor prepará-los para as adversidades do ambiente em que irão atuar, o treinamento é dividido em três fases: Estágio Básico de Combatente de Montanha, habilitando-os a manusear o material de escalada, realizar marchas em áreas íngremes, evacuação de feridos e escalar paredões rochosos de grau 4(difíceis); Curso Básico de Montanhismo, com duração de cinco semanas, para oficiais e sargentos com excelente preparação física, noções de comunicações, primeiros-socorros, explosivos e armamentos, ministrado em quatro fases distintas escalada livre (1ª fase), escalada em cordada (2ª fase), topografia (3ª fase) e operações (4ª fase); e Curso Avançado de Montanhismo, com duração de dez semanas, formando o Guia de Montanha, que estará apto a realizar escaladas livres até grau 4, escaladas artificiais até o grau 6 (extremamente difícil) e guiar efetivos em deslocamentos nas regiões rochosas.
Seu equipamento é constituído por uma mochila onde transporta as cavilhas, martelo, mosquetões e cordas. O capacete é semelhante ao modelo usado por tripulantes de carros de combate. O uniforme camuflado é o padrão do Exército Brasileiro, porém reforçado nas costuras e a boina cinza é específica da unidade. A arma básica é o fuzil automático Pára-FAL, de 7,62 mm, com coronha dobrável, facilitando a condução e um manuseio rápido e seguro.





GERR - Brasil


Membros do GERR em exercício .Criado em 1986, o Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR) tem como missão resgatar militares ou autoridades civis mantidos em confinamento ilegal, busca e resgate de pilotos abatidos em combate sobre território hostil, e retomada de instalações de interesse da Marinha do Brasil. Formado por elementos do Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais, o Batalhão Tonelero, atua predominantemente em ações terrestres, ficando a cargo do Grupo de Mergulhadores de Combate (GRUMEC) as ações em ambiente aquático. Com a crescente onda de seqüestros e o aumento da atuação dos narcotraficantes nas grandes cidades, o GERR busca atualizar sempre a sua doutrina operacional, estando preparado para atuar em áreas urbanas.
Para atender às exigências de pronto-emprego, em qualquer lugar do país no menor tempo de resposta possível, seus membros, divididos em unidades e equipes, devem possuir o curso especial de comandos anfíbios, rigorosamente selecionados, habilitados em pára-quedismo e mergulho. O adestramento do grupo está fundamentado na aplicação de técnicas modernas, voltadas para o estado da arte em relação aos países com reconhecida experiência neste tipo de operação. O programa de treinamento foge aos padrões tradicionais, permitindo dotar estas equipes de um elevado nível de desempenho e capacidade de reação, facilitando o cumprimento de suas tarefas. O adestramento do GERR é realizado de forma contínua com o propósito de manter durante o ano todo, seu permanente estado de prontidão.
Equipe do GERR em  exercício de abordagem de edificação.Composto de três fases, a primeira chamada de fase básica, complementar à formação dos comandos anfíbios, enfatiza as técnicas específicas de atuação individual dos componentes do GERR em ambiente rural e urbano, abordando os seguintes assuntos: pistas de aplicação militar, instrução básica de combate, apoio aéreo, patrulhas, ações de contraguerrilha, operações psicológicas, manuseio de armamentos diversos da unidade, combate noturno e infiltração/exfiltração com uso de helicópteros. Mas a complexidade de suas missões requer um nível de conhecimento mais técnico, que é obtido na segunda fase do treinamento, quando cada equipe será adestrada em separado, de modo a atingir uma performance compatível com os requisitos exigidos ao seu emprego.
Nesta fase serão enfocados os seguintes assuntos: comunicações, abordagem de edificações, coordenação do apoio de fogo, artefatos químicos, tiro de precisão, tiro com besta, técnicas de silenciamento, de reconhecimento , de memorização, de observação, de negociação, além do uso de minas e armadilhas. A última fase visa desenvolver o trabalho em equipe, a coordenação entre as frações, a liderança e o emprego do GERR como um todo em ações de retomada e resgate. A melhoria constante dos índices individuais leva a uma eficiência próxima do "erro zero". Suas armas, equipamentos e uniformes são os mesmos do Batalhão ao qual pertencem, como as submetralhadoras H&K MP-5 SD3 de 9 mm, com silenciador, fuzis para sniper Parker-Hale de 7,62 mm, fuzis Colt Commando de 5,56 mm e óculos de visão noturna.
Embora não divulgado pela Marinha, alguns membros do GERR podem estar fazendo parte do contingente de Fuzileiros Navais em atuação no Haiti, prontos para qualquer eventualidade, com grande possibilidade de terem atuado na ação que retomou a casa do ex-presidente que fora invadida por rebeldes armados.





Batalhões de Infantaria de Selva - Brasil


A necessidade de operar em um ambiente tão complexo e específico como a Amazônia e melhor defender suas riquezas imensuráveis, o Exército Brasileiro (EB) decidiu criar em 1965 o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), a melhor escola desta área no mundo, que a partir de então formaria os combatentes de selva, que após receberem o tão almejado "brevê da onça", seriam núcleo base dos Batalhões de Infantaria de Selva. Essas unidades de elite, composta em sua maioria por soldados profissionais e contando em seus contigentes com muitos homens nativos da região e oriundos de tribos indígenas, completamente adaptados ao ambiente amazônico, são parte integrante da Força de Ação Rápida do EB. Cada batalhão é composto por três Companhias de Fuzileiros de Selva e uma Companhia de Comando e Apoio, responsável pela logística, suprimento, transporte, saúde e comunicações da unidade. A célula básica é o chamado Grupo de Combate, formado por duas esquadras de tiro, com quatro homens cada uma, um atendente médico e o comandante do grupo, portando equipamento leve, que lhes permite tanto operar com desenvoltura em selva densa, como efetuar assaltos helitransportado.
Nos batalhões, com o intuito de operar continuamente na região de selva, mantendo altos níveis de preparo psicológico, de adestramento e de capacidade de sobrevivência, procurou-se definir missões específicas para cada Companhia de Fuzileiros: a 1ª Cia Fuz.Sl. é reponsável pela formação do efetivo variável (conscritos) e está apta a atuar em terreno convencional, como os vastos planaltos do estado de Roraima; a 2ª Cia Fuz.Sl. volta-se para as operções aeromóveis, com o apoio dos helicópteros do 4º Batalhão de Aviação do Exército, sediado em Manaus; e a 3ª Cia Fuz.Sl. especializada em operações ribeirinhas. Esta tropa de elite, considerada entre as melhores do mundo, só admite em seus quadros membros com excelente preparo físico e psicológico para poderem suportar as dificílimas condições climáticas onde atuarão e as pressões a que serão submetidos, como combater em selva densa e sobreviver com poucos recursos. Antes de iniciar seu treinamento no CIGS, onde passarão pelo Curso de Operações na Selva (COS) com duração de nove semanas operacionais e mais duas para aclimatação, os candidatos devem se submeter ao exame de aptidão física, com provas de natação, flutuação, corrida rústica, subida na corda e marcha forçada, portando uniforme completo e coturno.
Iniciado o COS, na Fase de Vida na Selva, os alunos são submetidos à um exercício de sobrevivência de 5 dias na mata fechada, onde testam ao máximo seus limites, aprendendo a sobreviver somente com o que a floresta oferece, além de noções básicas de higiene, profilaxia, primeiros socorros, orientação e navegação. Em seguida vem a Fase de Técnicas Especiais, com instruções no uso do rappel, condução de embarcações, operação de bússola e GPS, operações aeromóveis, infiltrações aquáticas, destruição de alvos, preparação de armadilhas, tiro de sniper, entre outras técnicas importantes. Já na Fase de Patrulha, durante três semanas é intensamente testado como líder de frações de tropa, sendo submetido a várias situações que poderão ocorrer em caso de guerra. Quando inicia a Fase de Operações, o candidato já adquiriu conhecimento suficiente para enfrentar a complexidade do combate real, devendo possuir competência para coordenar meios aéreos, fluviais e terrestres em operações conjuntas com as demais Forças. Devido ao respeito que conquistou e à proficiência de seus cursos, o CIGS recebe todos os anos alunos oriundos de nações amigas, que passam pelo rigoroso treinamento ali ministrado, e ainda serve como referência para a criação deste tipo de unidade em outros países. Por atuar em um ambiente específico, os guerreiros de selvanão poderiam deixar de usar equipamentos especiais para poder executar bem suas missões. O uniforme é confeccionado em tecido especial que permite uma secagem rápida num ambiente de grande umidade, sem causar desconforto ao combatente.
A ração foi adaptada ao paladar brasileiro, com elevado teor de proteínas e fibras e pouca gordura, que poderia provocar desidratação e diarréia na selva amazônica. Os coturnos são feitos parcialmente em lona com pequenos furos, que drenam a água acumulada na travessia de pequenos riachos ou igarapés. O fuzil padrão é o Pára-FAL, de 7,62 mm, com coronha rebatível, altamente resistente às duras condições operacionais da região. As unidades contam ainda com o lança-rojão AT-4, metralhadoras MAG, de 7,62 mm, escopetas Boito calibre 12, lança-granadas Grintek de 40 mm, fuzil sniper Imbel Fz.308, morteiros Hotchkiss de 60 mm, além de zarabatanas, besta e facões de mato. Para deslocamento por trilhas tão fechadas, está sendo testado com sucesso a utilização de búfalos para carregar os suprimentos da tropa, animal perfeitamente adaptado às condições locais. Exercícios constantes na região testam a chamada "estratégia de resistência", para a eventualidade de um confronto entre nossas forças e as de um país com poderio militar bem superior, visando tornar caro ao inimigo qualquer tentativa de agressão à Amazônia brasileira. Para tanto, o Exército Brasileiro matém em diversos pontos secretos no meio da floresta, pequenos conteiners enterrados no solo com alimentos, remédios e munições, a fim de prover suprimentos para os combatentes isolados na selva, além de tanques de combustível para reabastecer helicópteros ou embarcações durante o conflito. Reforçando esta tática, muitos rádio-operadores dos batalhões são de origem indígena e se comunicam em sua língua nativa, impedindo que as comunicações sejam decifradas pelo inimigo. Num possível conflito, os guerreiros de selva agiriam em pequenas frações, mas capazes de infringir pesadas perdas ao adversário, tirando vantagem de seu grande conhecimento da floresta, para desaparecer rapidamente em meio à densa vegetação. SELVA !




Combatente de caatinga - Brasil


Combatentes de caatinga preparando-se para mais uma missão.O Brasil é constituído por diversas macro-regiões com climas e geografia específicos, bem distintos entre si, e entre estas destaca-se o sertão nordestino que compreende cerca de 10% de nosso território com clima semi-árido e vegetação denominada caatinga. Este nome origina-se das palavras indígenas "caa" (mata) e "tinga" (branca) devido aos tons cinza e verde do ambiente, com vegetação rasteira, arbustos espinhosos e muitos cactos em um bioma exclusivamente brasileiro. Ciente da necessidade de contar com uma tropa especializada para operar nesta região, o Exército Brasileiro (EB) criou o 72º Batalhão de Infantaria Motorizado (72º BIMtz), localizado na cidade de Petrolina(PE), no vale do rio São Francisco, em cujas instalações encontra-se ainda o Centro de Instrução de Operações na Caatinga, com a missão de estudar, planejar e desenvolver uma doutrina operacional específica para este ambiente.
Entre os cursos ministrados estão o Estágio Básico de Combatente de Caatinga, com duração de uma semana, Estágio Avançado de Combatente de Caatinga, com duração de duas semanas e o Estágio de Caçador de Caatinga, com duração também de duas semanas, onde o militar recebe treinamento nas seguintes disciplinas: Características do Ambiente Operacional de Caatinga; Primeiros Socorros; Técnicas Especiais; Topografia; Marchas e Acampamento; Comunicações; Emprego Tático em Operações na Caatinga; Treinamento Físico e Exercício de Desenvolvimento da Liderança.
Combatentes de caatinga em plena atividade no sertão nordestino.A área onde se desenvolvem as operações do combatente de caatinga é certamente uma das mais inóspitas do mundo, composta de uma vegetação agressiva, solo pedregoso, escassez de água e com calor escaldante, exigindo um uniforme que possibilite uma proteção mais eficiente do que os normalmente utilizados pelo EB, mais reforçado, feito de material mais resistente para permitir o deslocamento no interior da caatinga sem comprometer a integridade física da tropa, além de proporcionar alguma camuflagem. Inspirado na indumentária do sertanejo, o uniforme é confeccionado em brim na cor cáqui e com aplicação de couro especial nas partes que são mais atingidas pelos espinhos ou galhos secos. A protetor para a cabeça também é feito de brim, com pala dobrável e extensão para proteger a nuca, mostrando-se mais adequado do que o capacete de kevlar que concentra grande quantidade de calor, além de provocar ruídos em contato com os arbustos e refletir a luz, comprometendo a ocultação do combatente. O coturno é o tradicional com cano de couro, mais resistente do que o do tipo selva com a parte superior de lona.
A experiência mostrou a necessidade de se utilizar também óculos de acrílico e luvas de couro que protegem o dorso e a palma da mão mas permitem o livre movimento dos dedos. O armamento empregado é o padrão do Exército Brasileiro, como o fuzil FN FAL, calibre 7,62 mm, a pistola Imbel M973, calibre 9 mm, a arma anti-tanque Carl Gustav M3, calibre 84 mm e a metralhadora FN MAG, calibre 7,62 mm. Em 1993, o 72° BIMtz passou à condição de Unidade de Pronto Emprego, permitindo resposta imediata em situações de conflito, sendo a única unidade no Brasil apta a operar no ambiente de caatinga.











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